IFA

IFA


A ORIGEM DO CULTO.


Não é sem motivo, pela importância de Orunmilá, que possua um culto exclusivo, independente e superior aos demais, com cargos sacerdotais e liturgia próprios.
Oriundo de Ifé, o culto se propagou por diversas regiões do Continente Africano, desde a Nigéria Ocidental até o Baixo-Togo onde ocupa uma região que se estende até a fronteira do antigo Império do Dahomé além de todos os países pertencentes à etnia ioruba. Sabe-se, porém, que não chegou ao conhecimento dos povos bantu do Sul da África, que possuem um outro sistema de adivinhação denominado "N’Gombo"1.
Ifé, aqui citado como região de origem do culto de Orunmilá não pode, todavia, ser confundido com a cidade de mesmo nome localizada no Sudoeste da Nigéria, possuindo uma conotação bem mais mística e profunda do que o de uma simples situação geográfica2.
Zunnõ, o informante de Maupoil anteriormente mencionado, afirmou que Ifá foi revelado através dos 16 signos oraculares principais (Odu-Meji) por Mawu ...”sobre uma pedra retangular branca instalada por Mawu em Meca... De cima para baixo (na referida pedra) estão inscritos as letras do alfabeto árabe, os 16 signos principais de Ifá e os caracteres latinos...”3
Meca teria sido, segundo Zunnõ, o local onde surgiu o culto, sendo daí transportado para outras regiões, tendo então se estabelecido em Ifé, onde foi criado o primeiro centro de estudos de Ifá e de culto de Orunmilá.
A origem árabe do sistema oracular de Ifá pode ser comprovada de diversas formas muito mais “seguras” que uma simples declaração feita por um babalaô.
1 - As figuras que compõem o sistema de Ifá são perfeitamente iguais às que compõem um sistema divinatório de origem oriental denominado “Geomancia Árabe”, muito usado também na Europa onde, após as devidas adaptações culturais, recebeu o nome de “Geomancia Européia”4.
2 – Em todos os procedimentos do oráculo de Ifá, tudo é feito, escrito, lido e interpretado da direita para a esquerda, maneira adotada pelos árabes para escrever, ao contrário da forma ocidental.
3 – Em Madagascar existe um sistema de adivinhação denominado “Sikidy” que não tem qualquer relação com Ifá, embora utilize signos de configurações idênticas aos Odus de Ifá. Segundo se afirma a introdução do sikidy em Madagascar foi feita por imigrantes de origem semita que falavam e escreviam em árabe. Este fato nos leva a concluir que Ifá e o Sikidy possuem uma origem comum: a Geomancia Árabe.
4 - A palavra “fá” usada pelos fon da mesma forma que “Ifá” pelos nagôs e “Afã” pelos minas do Togo pode ser encontrada no idioma árabe onde significa “sorte”, “augúrio”5
5 – Na Pérsia nos séculos VIII e IX, ou seja, na florescência da cultura iraniana, a Geomancia era matéria ensinada em Universidades célebres como a de Bagdá e estudada pela elite intelectual da época. Foram os sábios formados nestas mesmas universidades que, junto com a filosofia e a ciência adquiridas, levaram a Geomancia à Alexandria, ao Cairo, ao Sudão e à Europa, tendo aí como porta de entrada a Espanha, onde a influência da civilização árabe ainda hoje é notável.
É Epega, o africano, quem afirma:
“...Os símbolos Odu são muito antigos. Eles originaram de Orunmila em Ile-Ife. Sinais similares parecem ter sido usados no Egito (anteriores pelo menos a 3.000 aC). em Trípoli, Senegal, Futa, os Estados Hausa e outros lugares na África. E a este respeito nós não conhecemos mais do que nossos ancestrais que disseram que Ile-Ife foi o lugar onde as pessoas pela primeira vez conseguiram a luz de seu conhecimento...”6
Para fechar a questão destacamos, da obra de Frikel, a seguinte afirmativa:
“Ifá pertence ao Mussurumi e é verdade que, como demonstram Trautmann e Maupoil, a adivinhação de Ifá parece ser de origem muçulmana”7.

NOTAS
1 - O contato dos povos pertencentes a esta etnia e originários do Sul da África com o oráculo de Ifá, teria sido posterior ao trágico transporte de negros escravos para as colônias do Novo Mundo. O culto praticado por estes povos é hoje conhecido no Brasil como “Candomblé de Angola” e teriam assimilado, aqui, as técnicas oraculares referentes ao Ifá com os povos de origem nagô ou fon.
2 - Os versos de Ifá fazem referência a sete Ifé. O primeiro, e possivelmente o original é Ifé-Oòdáyé. Os outros são Ifé-Nleere, Ifé-Oòyèlagbòmoró, Ifé-Wàrà, Òtù-Ifé, Ifé Oòrè e Ifé-Oòjó. (Abimbola, 1977, p. 5).
3 - “... sur une pierre rectangulaire blanche intallé par lui à la Mecque" ... De haut en bas étaint inscris: les lettres de l'alphabet árabe, les seize signes principaux de Fá et les caracteres latins...” ( Maupoil 1988 ).
4 - Em outro local deste trabalho o leitor poderá encontrar uma tabela comparativa onde cada uma das dezesseis figuras oraculares é apresentada com os nomes pelos quais são conhecidas nos três diferentes sistemas.
5 -“Fá” ou “fa’lun” = Augúrio / “mujarrib el fal” = aquele que prevê o futuro, adivinho (Maupoil, 1988).
6 - Epega, 1987.
7 – Protasio Frikel – Die Seelenlebre dar Gêge und der Nagô. (Citado em Bastide e Verger, 1981).

 

 

 

 

A FÉ PERANTE BABA ORUNMILA E IFÁ

 


 

Ter fé é se entregar psicologicamente usando o seu cristalino do seu sêr por inteiro e sem medo, é o que devemos fazer em todos os nossos projetos, em toda nossa vida, mesmo que possamos cair, mas que a certeza que demos o nosso melhor faz com que cada pedra em nosso caminho seja um instrumento de nossa vitória, que cada batalha travada seja um degrau para subirmos rumo ao nosso maior destino que é o Orun, nossa verdadeira Casa.

 

Sempre será perseguido aquele que luta, aquele que tem fé, porque toda plantação esta sujeita a encarar as tempestades, as perdas, mas quando se cuida com amor, nenhuma perda é em vão, porque fazemos com que aquela derrota se torna terreno fértil com nossas tristezas e lágrimas que irrigam nossos corações fazendo com que toda semente seja plantada com todo cuidado para que possa vingar., brotar  e dar bons frutos.

 

A força da fé faz com que acreditamos feito crianças  que nosso pai vai nos pegar quando nos estende os braços, ou quando estamos aprendendo a andar de bicicleta e nosso pai esta correndo atrás e de repente nos solta sem percebemos, nos dando segurança, e assim somos nós com nossa fé, quando acreditamos que podemos ir avante vencer qualquer batalha, desde que seja para o nosso bem e de todos que nos cerca.

 

Nenhuma morte se torna em vão quando se tem fé, quando acreditamos que fizemos a nossa parte em prol do sócio politico e religioso de nossa comunidade onde nossos braços foram fortes em conduzir todos os objetivos em “IRE”  para com aqueles que nos procurara.

 

Porém não deixamos de sofrer com nossas dores, e vamos de cabeça erguida seguir nossos destinos pois sabemos que o sofrimento é somente a certeza de nossa vitória, a vitória bem vivida só tem valor com a batalha bem travada, e assim realmente estaremos certo de que tudo que caminhamos foi de grande valia para a vida aqui no Aiye.

 

Ao senhor Grande mestre; BABA IFALEKE –ADILSON ANTONIO MARTINS- ficará gravado em nossa memória as vitórias que conseguimos através de sua ajuda.

 

Que Olodunmare lhe tenha junto a honra dos grandes guerreiros.

 

Baba Ifajèmi 


 

 

ORUNMILÁ –“ O senhor dos destinos dos homens “

 


 

É seu direito por nascimento ser feliz, ter sucesso e realização”

 

1 - Seu Nome É a contração:

 

- orun l‘ o mo ati la

 

(somente o céu conhece o significado da salvação)

 

- Orun mo ola

 

(somente o céu pode efetivar a entrega)

 

Seu nome já é um indicador do papel desta divindade junto à humanidade.

 

2- Características

 

- É Ele quem mostra aos homens os caminhos para o encontro com seu próprio ori (condição esta que leva a um estado total de harmonia, gerando assim no indivíduo o equilíbrio/organização);

 

- O equilíbrio gerado pelo encontro do homem com seu ori, proporcionado por Orunmilá, não é estático, mas sim um processo dinâmico onde ordem e desordem se alternam em perfeita harmonia;

 

- Idéia de salvação: traz a impressão que Orunmilá desceria ao aiyê na forma de humano e através de seus ensinamentos traria a salvação.

 

- Sua vinda ao aiyê é relatada em mitos;

 

- Orunmilá está presente desde os primórdios da existência e da criação do universo e dos homens;

 

- Sua sabedoria pode ser revelada e conhecida através do processo de adivinhação – oráculos;

 

- Para poder cumprir seu papel foi lhe concedido uma especial sabedoria que é enviada aos homens (via oráculos), por escrituras sagradas chamadas de itan;

 

- Os itans são versos e só têm força espiritual se aclamados no idioma yorubá;

 

- Divindade da sabedoria: ogbon (agban);

 

do conhecimento: ìmò

 

e da ordem: elà;

 

- Senhor testemunho da vinda dos homens ao aiyê;

 

- Está em toda parte do mundo acompanhando o cumprimento dos caminhos dos homens, caminhos estes dados no momento do nascimento;

 

- Interventor – junto a Oludunmarê – das alterações dos caminhos dos homens: para manter ou retificar uma situação;

 

Okitibiri a pa ojo iku da

 

(o grande alterador, o que altera até a data da morte).

 

- Juntamente com Olodunmarê é o juiz/avaliador do cumprimento ou não dos caminhos assumidos pelo homem ao nascer.

 

- Advoga junto a Olorun;

 

- Conhece todo o passado, o presente e o futuro e por isso é conhecido comoElerin Ipin (a testemunha do destino);

 

- É Orunmilá quem assiste e entrega do kadara ou ipin – (carmas e provações), doori inu, dos odus, do iponri (força ancestral), do Orixá, dados aos homens por Olorun.

 

Alàtùúnse aiyê

 

(aquele que coloca o mundo em ordem)

 

3- Sua Posição

 

- Ministro de Olodunmarê na terra, para os Yorubás;

 

- Um conselheiro;

 

- Possui a incumbência de ditar novos caminhos para reposição de axé perdido - oferendas

 

- Desta forma é o agente da benevolência de Olorun para com os homens;

 

- Conhece tudo sobre as outras divindades bem como todo o destino da humanidade;

 

- Está presente na criação e no culto dos oris;

 

- Senhor que conhece a essência de cada ori;

 

 

 

4- Oráculos

 

- Grande parte de sua sabedoria e ensinamentos está reunido e é extraído dos oráculos, através de Ifá;

 

- O sistema de oráculos de Ifá é composto pelos odus – força cósmica, corpus ou energia - liberada por Olodunmarê;

 

- Os oráculos mais conhecidos são: opelé ifá e merindilogum (jogo de búzios);

 

- Orunmilá é a divindade encarregada de indicar caminhos e soluções, para que a ordem seja mantida;

 

- Ifá é a divindade utilizada por Orunmilá para que seja feita a comunicação do orun com os homens. É o patrono dos oráculos. O não cumprimento de uma determinação extraída dos oráculos e vinda de Ifá é contestar e desobedecer Orunmilá;

 

 

 

5- Aspecto e Moradia

 

- Orixá funfun;

 

- Habita a sala da advinhação no orun, no imenso palácio de paredes brancas e transparentes, todo ornamentado de alabastro. Ao redor do palácio um bosque com todas as espécies vegetais e animais (dóceis e pacíficos), rios de água pura como cristal que caindo em cachoeira formam piscinas de água natural, onde Ele costuma banhar-se;

 

- Veste-se com panos brancos que lhe cobrem somente a parte de baixo da cintura. Usa filá e iroke na mão – um bastão de marfim símbolo de sua sabedoria.

 

- Ornamenta-se sempre com um fio verde/marron;

 

- Saudação: Aboru Boxexe o!

 

- Não roda na cabeça de iyawôs;

 

- Seu culto é exclusivo dos homens, bem como seus iniciados, que recebem o nome de babalawô – (pai dos segredos); e as mulheres são suas Apetebi, no qual tem grande importância dentro do culto de Ifá.

 

6 - Portal

 

- Na mitologia africana existe um portal de comunicação entre o orun e o aiyê – seu nome àkàsó;

 

- Seu guardião é Onibodê;

 

- Nele Orunmilá acompanha a passagem do orun para o aiyê do egun que vai voltar para a vida no aiyê;

 

- A passagem é marcada pelo diálogo entre Onibodê e o Egun confirmando todo o axé a ele dado por Olorun- nascimento

 

- Todo este processo é assistido e testemunhado por Orunmilá;

 

 

 

7- Conclusões

 

 

 

A - O povo yorubá aceita a tese de que Olodumarê – apesar de ser o supremo Deus, gerou outros Deuses para o auxiliar na difícil tarefa de administrar o aiyê e o orun com seus habitantes;

 

B - Este pressuposto caracteriza a descentralização do poder supremo – muito diferente do Deus branco que é o único, centralizador, punitivo e absoluto;

 

C - Na teologia yorubá existe uma divindade responsável pelo distino dos homens, seu cumprimento, suas alterações, e reparos através dos oráculos- Orunmilá;

 

D- O candomblé é um culto monoteísta, pois possui um único Deus supremo gerador de todo o axé.

 

E- No culto jeje-nagô as oferendas ou obrigações são formas de ajuste ou reconquista do axé perdido durante as dificuldades e erros na vida.

 

F- Orunmilá é o Orixá determinado por Olodumarê em autorizar a realização de obrigações/oferendas como fonte de reposição de axé.

 

G - Na ideologia yorubá o homem deve seguir o destino traçado por Olodumarê, testemunhado e consagrado por Orunmilá, mas este destino não é um caminho fixo e inalterável. Ele é flexível e alterável, pois as buscas de axé através de Ifá, das obrigações e oferendas podem modificar os rumos do destino imposto inicialmente.

 

H - O homem que aperfeiçoa seu destino através da prática dos mandamentos do culto de Orixá, além de conseguir a prosperidade e a felicidade, se tornará um ancestral.

 

 

 

Pesquisa realizada pelo projeto “Grupo de Estudos”

 

 

 

PREDESTINAÇÃO

 

Doutrina teológica que afirma que o rumo do mundo e, em especial, a salvação ou condenação humana, é determinada por Deus. Surge da hipótese da onisciência e da onipotência divinas: Deus tem presciência de todos os acontecimentos na eternidade e seu poder os realiza. Opõe-se ao DETERMINISMO, que interpreta os acontecimentos da vida como resultantes das leis universais e não da interferência divina. O conceito de Destino une estes dois conceitos: o destino dos homens faz parte da progressão natural do mundo, mas pré-ordenado por Deus. Na visão Yorubá o homem administra seu destino, que é flexível é auxiliado ou modificado pela troca de axé, através das oferendas e pela forte contribuição de um ORI RERÈ, ou cabeça próspera, otimista e cheia de axé. A maleabilidade do destino só é possível com a conivência de Orunmilá.

 

 

 

“Exceto o dia em que nasceu e o dia em que supostamente morrerás, não há um único evento em sua vida que não possa ser previsto e quando necessário, mudado.”

 

“O Orun (Céu) é o ‘lar’ e o Aiyê (Terra) a ‘praça do mercado’. Nós estamos em trânsito constante entre estes dois mundos.”

 

“Nunca prejudique o Universo, do qual você faz parte.”

 

“Você nunca deve prejudicar outro ser humano.”

 


Orunmila-Ifá o Òrìsà do Destino

Òrúnmìlà-Ifá, ocupa uma posição única no panteão africano, através dele podemos decifrar o código secreto espiritual de qualquer ser humano, comunidade ou Nação, pois nele está inciso o poder da criação.
Na ordem divina de Olódùnmarè o espírito é eterno, e através de Òrúnmìlà-Ifá conseguimos obter a soma total de nossa existência, a nossa ligação com o Universo, e o destino que escolhemos para voltar a vida quando nascemos. Ele é o diagnóstico de nosso Elédà (mente superior), sabendo tudo o que aconteceu no passado, está acontecendo e qual será o nosso futuro. Òrúnmìlà- Ifá é a tradução da sabedoria infinita de nosso Deus criador, aquele que tudo sabe, tudo vê, é o verdadeiro elo de ligação entre o homem e o criador.
Na Cultura Yorùbá são os elementos da natureza que dão condição de vida no planeta, a água, o fogo, o ar, e a terra. Estes se apresentam de inúmeras formas que se multiplicam primeiro em dezesseis, sendo o número dos primeiros Òrìsà primordiais, que vieram para ajudar a construção do planeta sob todas as formas de vida, ou os dezesseis Odù, a tradução literária de todos os problemas do homem, e neles estão contidos toda a sabedoria da criação.
Ifá transmite sua palavra através dos dezesseis Odù, e estes são a expressão da natureza que é a fonte de energia que movimentará e determinará a personalidade da pessoa. Estes Odù, multiplicados por mais dezesseis perfazem 256 tipos de divindades diferentes entre si, com atributos próprios e cada um conterá uma complexidade de inúmeros caminhos ao qual servirão para auxílio da raça humana.
Em nosso princípio ancestral, todos nascemos da terra, veja a composição de seu organismo que é composto de água, minerais, ferro, e assim por diante, portanto é natural que para encontrar o equilíbrio de nossa vida também façamos uso dos elementos que saem da própria natureza. Toda a criação Divina tem uma função determinada para auxiliar a sobrevivência em equilíbrio entre as forças negativas e positivas.
Como nada será feito de importante sem antes consultá-lo, quando um bebê nasce, entre o terceiro e quinto dia após seu nascimento ele é levado ao Bàbáláwò para que se faça uma consulta a fim de saber qual será o destino desta criança, recebendo tratamento para que o rumo de sua vida seja o melhor possível.
Qualquer caso de saúde, casamentos, financeiro, amoroso, depressão é revelado através de divinação, que além do problema apresentará as possibilidades de melhorar a situação determinando o que poderá ser feito para atrair a sorte, a paz e a felicidade de cada um.
O Culto a Ifá envolve as oferendas, proteções que são feitas com as magias, e a cada novo ano ele será consultado para saber o futuro da comunidade. Sua importância é tanta que será através da consulta ao Òrìsà que um novo rei será eleito, uma vez que pode conhecer a pessoa ideal para ocupar qualquer cargo tanto como um líder, ou outro tipo de ocupação, estas são marcas que já trazemos de nosso espírito ancestral.
Se após a consulta for determinada a realização de algum sacrifício para um Òrìsà, não se pode esquecer a parte dedicada a Èsù, pois ele é a energia que transformará a sua necessidade, enquanto matéria, em energia sutil a fim de que seu pedido chegue a Olódùnmarè.
Ele é simbolizado por trinta e dois caroços de um tipo especial de palmeira de dendê, os quais apresentam quatro ou mais "olhos", ao invés de apenas dois, como nas palmeiras comuns. Antes de serem servidos ao Òrìsà, os caroços deverão ser preparados especialmente à Ifá, para só depois serem manipulados pelo Sacerdote de Ifá para fins de divinação, e só podem ser extraídos por homens.
Quando uma leitura não favorece o consulente, não é necessário ficar em desespero, pois Ifá poderá ser consultado novamente para informar qual o melhor procedimento para eliminar o obstáculo que lhe entravam a felicidade. O animal necessário para o sacrifício só será determinado através da divinação, e após ser efetuado, o consulente deverá apresentar-se mais uma vez perante o Òrìsà a fim de saber se ele se satisfez.
Entre os Yorùbá, os Sacerdotes dedicados a Ifá pedem sua benção todos os dias pela manhã, e uma vez por ano promovem uma festa em sua homenagem.
Os Iniciados no Culto a Ifá
Para aqueles que receberam em seu Ori, a primeira mão de Ifá, após passarem pelos rituais de iniciação, podem ser considerados portadores de um bem inestimável, com ele reencontrarão o caminho de seu destino primordial, puro, limpo de todas as mazelas que adquirimos durante a vida; é um reencontro com nossa transcendência. Mas, é necessário esclarecer que para fazer juz a este direito também será preciso uma altíssima reconsideração de suas atitudes perante a vida, pois este ser não fará mais parte daquilo que chamamos do inconsciente coletivo que prevalece na raça humana, a partir de então passará a ser ele um indivíduo único, diferenciado, o qual terá de cumprir suas obrigações em relação a Ifá com respeito e dignidade a fim de poder receber o verdadeiro Àse e como conseqüência assumindo perante a si próprio responsabilidades muito grande, que se não cumpridas poderão trazer graves conseqüências.

 

 


ÈLA

É: o princípio da ordem; aquele que mantém o mundo acertado e em ordem.
ÈLA veio para a terra no ODU de OBARA OYEKU.
O significado deste princípio primordial que se chama ÈLA é que, sem ele, nosso mundo seria um caos total.
A tradição oral nos passa que ÈLA é um princípio espiritual que não teve espaço para se tornar conhecido, pois foi dominado historicamente pelo aumento do número de divindades e senhores da cultura Yoruba.
Em função disso ÈLA não foi definido.
Na tradição oral existem muitos que dizem que ele "é um dos muitos nomes atribuídos à IFA (ORUNMILA), e é descrito como o principal entre eles " ou que " é o seu empregado de confiança". Essas afirmações tem um fundo de verdade e nós vamos ver porque.
Existe uma forte ligação entre ÈLA e ORUNMILA, pois se ÈLA é o princípio da ordem, da retificação de destinos infelizes, ORUNMILA precisa deste princípio para cumprir o seu papel de grande preservador da felicidade e retificador de destinos infelizes, uma vez que podemos dizer que ordem significa felicidade, harmonia, paz e desenvolvimento.

ÈLA é chamado de "aquele que mantém o mundo acertado". Assim, podemos até fazer uma reflexão no sentido de que ÈLA é um princípio primordial onde ORUNMILA tem a sua origem. Podemos afirmar, portanto, de forma inquestionável, que ÈLA é uma emanação direta de OLODUNMARE.

ÈLA é chamado pela tradição oral de ÈLA OMO OSIN - " ÈLA é o preferido de OSIN" - o que é OSIN ? Para o Yoruba, OSIN É O LÍDER DOS LÍDERES, ou seja, OLODUNMARE.

Vamos à criação. De acordo com a tradição, ORUNMILA desceu à terra para colaborar com ORISA-NLA nos afazeres de organizar a terra e colocar todas as coisa nos seus devidos lugares (ordem), logo, ÈLA seguramente estava presente.
Para ilustrar esse papel, vamos transcrever uma história do ODU ODI IWORI;

ÈLA Iwòri ni kì jéki aiyé ra 'jú;
Nigbati aiyé Oba-'lufe darú,
ÈLA Iwòrì l' o bá a tún aiyé rè se;
Nigbàti awon o-dà-'lè ìlú Akilà ba aiyé ìlu won jé,
ÈLA Iwòri l' o ba won tún u se;
Nigbati òsán d' òrun ni ilù Okèrèkèsè,
Ti aiyé ìlú nã di rúdurùdu
Ti awon awo ibè bà a tì,
ÈLA Iwòri l' o ba Olúyori Oba ibè tún u se;
Nigbàti élègbára bá nfé s' ori aiyé k' odò,
ÈLA Iwòri ni' ma dùdú ònà rè;
ÈLA Iwori kì' gb' owó,
ÈLA Iwòri ki' gb' obi,
On l' ó sì ntún ori ti kò sunwòn se.

Tradução;

ÈLA IWORI é quem salva o mundo da ruína
Quando o mundo de OBA LUFE tornou-se confuso
ÈLA IWORI é aquele que restaurou a ordem
Quando os depredadores de AKILA deterioram a cidade
ÈLA IWORI é aquele que acertou as coisas para o povo,
Quando o dia virou noite na cidade de OKEREKESE (Egito)
E os sábios do lugar foram desviados. ÈLA IWORI foi aquele que trouxe a
ajuda de OLUYORI, seu rei, como remédio,
Quando ELEGBARA planejou virar o mundo de cabeça para baixo,
ÈLA IWORI foi quem o obstruiu,
ÈLA IWORI não recebe dinheiro,
ÈLA IWORI não recebe OBI
Ainda é ele quem retifica destinos infelizes.

Se nós aceitarmos que ÈLA é um princípio primordial, que estava presente no início da criação, estando no mundo e preenchendo-o de bons trabalhos, estabelecendo a ordem e colocando as coisas em seus devidos lugares, poderemos dizer que em um determinado momento o homem de alguma forma acordou de seu estado de "letargia" em um mundo perfeito e sem atropelos e neste momento se rebelou contra ÈLA, creditando à ele a responsabilidade de ter retardado o crescimento do mundo e então o difamaram. Em função disso, conta a tradição que ÈLA se ofendeu e ascendeu aos céus através de um corda esticada. Foi somente assim que os habitantes do mundo perceberam que era realmente impossível viver sem ÈLA e assim, desde então, se tem rezado por suas bênçãos.

Vamos a outro verso:

ÈLA s' ogbó, s' ogbó
ÈLA s' ató, s' ató
O f' òdúndún s' Oba ewé
O f' Irosùn s' o sòrun rè;
O f' Okun s' Oba omi
O f' osa s' osòrun rè;
A-s' - èhin-wa a- s'-èhin-bò
Nwon ni ÈLA kò s' aiyé re;
ÈLA b' inu, o ta' kùn, o r' òrun;
Omo ar'-aiyé tún wá nkigbe:
ÈLA dèdèrè I' ó mã sòkalè wa gb' ùre.
ÈLA dèdèrè

Tradução

ÈLA realmente fez a velhice
ÈLA realmente fez a vida longa
Ele fez de ODUNDUN o rei das folhas
Ele fez de IROSSUN o seu sacerdote.
Ele fez do oceano o rei das águas.
Depois de tudo, e ao final,
Eles pronunciaram que ÈLA havia conduzido o mundo pelo caminho certo.
ÈLA se ofendeu, ele estendeu uma corda e subiu ao céu.
Os habitantes do mundo mudaram de opinião e passaram a chamá-lo.
ÈLA, volte a nos abençoar
ÈLA, volte!.

Nessa linha ÈLA é referenciado como um libertador. Neste papel aparece a sua ligação com ESU. É sabido que ESU é a dinâmica de todas as coisas, instaura a desorganização geradora de uma nova ordem, num processo contínuo de desenvolvimento do mundo, a dinâmica que faz o mundo andar. Se considerarmos que ÈLA é o princípio da ordem e ESU provoca a desordem e se em algum momento imaginassemos que a desordem provocada por ESU levasse ao caos, somente a interferência de ÈLA como princípio poderia garantir uma nova ordem. Desse modo, podemos dizer que ÈLA trabalha juntamente com ESU, especificamente na tarefa de restabelecimento do equilíbrio.

ÈLA como princípio é de suma importância na vida dos sacerdotes em nossa religião, pois o papel dos sacerdotes é manter e instaurar a ordem. Portanto como isso poderia ser feito sem a interferência de ÈLA?
Vamos à uma outra consideração: Realizar ÈLA significa carregar ISI. O que vem a ser isso. Vamos contar duas histórias para depois tentarmos concluir essa afirmação.

Existia uma localidade onde os reis não duravam mais de três anos e então eram substituídos - o próximo morreria antes de três anos e assim sucessivamente. A família de onde esses reis eram oriundos era muito rica e o poder era algo extremamente cobiçado, mas o fato da morte prematura era um empecilho para que eles quisessem se tornar reis.

Foram consultar ORUNMILA e no jogo apareceu o ODU OGUNDA OFU, significando que todos os reis tem um ORISA ao qual devem saber cultuar antes que lhes seja entregue o OPA.

Uma outra história trata de um Rei que num determinado tempo teve suas esposas (6), seus filhos e servos (7) contra ele; suas esposas não queriam mais se relacionar com ele; seus filhos voltaram as costas para ele, bem como seus servos. O rei revoltou-se e, munido de seu Opa e de uma espada, saiu à procura deles, que haviam fugido.

O rei então falou que eles deveriam carregar ISI, sem o que não seriam perdoados. Os filhos então pegaram 4 inhames e ofereceram para o Rei (que era o próprio ORUNMILA). Prepararam o inhame e o levaram para o Rei, carregando-o na cabeça.
O rei então disse que precisaria matar um deles; os filhos responderam que eles haviam feito o que ele havia pedido. O rei perguntou se era ISI macho ou fêmea. Eles responderam que era ISI feminino.

Ele ouviu e não soltou o Opa e a espada. Eles pediram três vezes que ele os soltasse. O rei então respondeu:
"Onde vocês ouviram que esposas, servos e filhos não fizessem o que o Rei quer ?"
"Assim, antes que eu largue o Opa e a espada, vocês tem que prometer carregar ISI sempre. Só assim eu os perdôo."

ISI significa carrego de submissão e homenagem. Ou seja, curvar-se diante do sagrado, do superior, do maior.
Para se falar em ordem temos que falar em respeito e homenagem, em submissão à um princípio maior que nos proporcionará a felicidade. Aprender que antes de tudo devemos agradecer, louvar e cultuar.

ÈLA, por fim, é sempre invocado durante os cultos para que venha e abençoe os oferecimentos, tornando-os aceitáveis. ÈLA também é denominado como o princípio que inspira a aceitação de alguns sacrifícios; que inspira o culto correto e é por ele que a vida tem sido oferecida.

 

 

 

 

 



Para finalizar vamos transcrever uma cantiga de ESU:

ESÙ fi ire bò wá o.
ÈLA fi ire bò wà yà yà.
ESÙ gbè ire ajè kò wá o.
ÈLA fi ire bò wà yà yà.
IYA-MÒGÚN fi ire bò wà o.
ÈLA fi ire bò wá yà yà.

Tradução;

ESU, faça nossas vidas plenas de coisas boas.
ÈLA, ponha muita sorte em nossas vidas.
ESU, ponha sorte e progresso em nossas vidas.
ÈLA, ponha muita sorte em nossas vidas.
IYA MOGUN, faça nossas vidas plenas de coisas boas.
ÈLA, ponha muita sorte em nossas vidas.

 

 

 

 

 

 

 

 

O fundamento da adivinhação em Ifá é a habilidade em interpretar os Odù (o texto sagrado da divinação em Ifá) sob a direção e influência de Ela, o Espírito de Luz ou o Espírito de Pureza.

 

A palavra Ela é uma elisão do pronome pessoal 'e' com 'alà' que significa "luz". A sabedoria de Ifá está baseada nos ensinamentos do profeta histórico Orúnmìlà que recebeu inspiração do Espírito de Ela.

 

Todos os awo (Babalawos) que são iniciados em Ifá são considerados descendentes de Orúnmìlà e portais para o Espírito de Ela como resultado da transformação que acontece durante iniciação em Ifá.

Na Diáspora há algum debate sobre a questão se os Babalawos de Ifá não entram em possessão.

 

Este pode ser um problema semântico baseado nas palavras limitadas em inglês que se aplicam a este tipo de fenômeno.

Não há nenhuma dúvida que os Babalawos entram em um estado alterado de consciência durante divinação. Eles se referem a este estado como "eu retorno ao tempo em que Orúnmìlà caminhou sobre a terra".

Em um nível subjetivo é um lugar de saber profundamente e de se lembrar profundamente. A fim de que o divino esteja apto, a cabeça e o coração devem estar em alinhamento perfeito.

Deste lugar de alinhamento é possível se conectar com formas de consciência no reino invisível. Neste lugar os problemas e soluções aparecerem simultaneamente ao Babalawo.

 

É quase como um reflexo condicionado que dá ao Babalawo uma certeza interna, eles estão caminhando para a resolução de um problema particular.

O estado alterado de Ifá é diferente que as formas de possessão comuns entre os cultuadores de Òrìsà (Forças da Natureza) em rituais públicos.

A Possessão dos Òrìsà tende a ser mais extática e dinâmica, enquanto ser tocado por Ela é mais introspectivo e quieto.

 

Após a conexão entre o iniciado e Ela que é feita durante iniciação, o iniciado tem uma responsabilidade em manter e nutrir esta conexão, caso contrário ela se tornará fraca, inacessível e eventualmente desaparecerá. Esta conexão é nutrida pelo ciclo de oração à Ifá. A disciplina de manutenção do ciclo de oração à Ifá também tem o efeito de tornar o Egbe Ifá mais coeso.


Os versos sagrados de Ifá;


Base da tradição civilizatoria Yoruba


Os Versos Sagrados de Ifá guardam o multiverso de conhecimento da tradição ioruba. Essas grandes narrativas contêm informações com categorias universais – dados científicos sobre a natureza e os seus fenômenos e manifestações –, singulares – do dia-a-dia da vivência tradicional dos povos iorubanos – e particulares – os valores culturais dessa milenar tradição africana.

É esse reservatório de preservação, transformação e produção de conhecimento social do real deu base para a reinvenção da arquitetura civilizatória desse importante povo da África Ocidental.

Os mitos sagrados trazem os conhecimentos das cartografias cosmológica e geográfica iorubanas. As crianças desse universo cultural têm acesso aos conhecimentos das forças místicas e cósmicas que comandam o universo, seus destinos, as relações terrenas, históricas e culturais. A exemplo de outros povos africanos, os iorubas têm na oralidade os arquivos de sua civilização.

Para esse povo africano, conhecido como nagô no Brasil, a palavra enunciada carrega a força da realização. Eles
consideram a mentira como um câncer, pois ele corrói a construção de cenários favorecedores da suas realizações primordiais na vida: viver muito, viver com condições de sacralizar o universo, amar, ter filhos e vencer as adversidades do mundo.

Dessa forma, a oralidade assume a função de meio condutor dos conhecimentos ancestrais e civilizatórios que ordenam a trajetória dos seus descendentes.

ILE ASÉ: Esses conhecimentos permitiram aos iorubás reorganizarem, pelo mundo afora, suas estruturas culturais. As grandes narrativas, as pequenas histórias do cotidiano e as canções rituais preservaram a moral, a ética e a deontologia de suas relações humanas. A moral iorubana permitiu a reconstituição da cartografia original no ile ase (terra sacralizada pela força ancestral). Na linha histórica das principais casas e terreiros organizados no país, tem-se o registro da ação de homens e mulheres africanos que persistiram na reconstrução de seu universo, destruído pelas forças da escravidão. A força moral e o tirocínio desses primeiros africanos escravizados nas Américas foi
o motor propulsor dessa reorganização.

No início, esses espaços de reconstrução tradicional criaram uma linha de força que preservou a originalidade dessa civilização, ante a força destrutiva da sociedade global. Nesses espaços de rearticulação tradicional, os africanos reconstituíam, paulatinamente, seus valores morais civilizatórios. Tais valores formaram o chassi da reconstrução negra fora da África. As linhas-mestras dessa reconstrução foram os Versos Sagrados de Ifá, vivos na memória coletiva dessa população. A palavra é uma força fundamental que emana do ser supremo ioruba: Olodumare.

Por isso, ela possui um caráter sagrado e divino. A cada novo desafio, a cada nova situação, os velhos e velhas africanos reinventavam novas soluções e respostas. Uma nova folha, uma nova forma de transmissão, um novo modelo de organização.

O xirê orixá, cantado no início dos atos litúrgicos públicos, é uma prova dessa sagacidade e inteligência ancestral.

Nele, as novas gerações conheciam as formas místicas que comandam o universo sagrado ioruba, em especial a relação dinâmica entre o orun (dimensão imaterial da existência) e o aiyê (dimensão material e histórica da existência), e entravam em contato com as energias cósmicas desse povo – representações das forças do universo, dos pontos energéticos da terra, das polaridades de gênero, das cores e suas funções –, com o
universo social e sua ordenação tradicional – cargos, funções e responsabilidades sociais de sacerdotisas e sacerdotes –, e ainda, aprendiam as canções tradicionais, as danças e toques rituais e a relação pedagógica entre as gerações: o aprendizado da boca dos mais velhos para os ouvidos e olhos dos mais novos. Cada uma
dessas opções feitas pelas velhas gerações implicava opções éticas, filosóficas, culturais e civilizatórias.

Ante a divinação e a iniciação nos segredos sagrados desse universo, as novas gerações entravam em contato com as suas potencialidades e limitações sacerdotais: o que comer, vestir, como se comportar ante o sagrado, ante a comunidade, ante o corpo sacerdotal da comunidade e ante a força da sociedade global.


ÉTICA, MORAL E DEONTOLOGIA:

Assim, no universo da educação civilizatória, articulavam-se dimensões morais, condutoras dos comportamentos coletivos e sociais dessa civilização, éticas, condutoras das opções e reflexões cotidianas, que implicavam ações filosóficas e culturais, e deontológicas, condutoras do comportamento ante a comunidade de iniciados e a social global.

Todo esse universo conceitual era transmitido pelas equivalências universais que caracterizam a civilização ioruba em qualquer parte do mundo: a divinação sagrada aos pés de Ifá, para a revelação dos desígnios humanos, a iniciação, marco de ordenação da transição entre o profano e o sagrado, e pelo conhecimento mitológico do panteão: deidades e forças que organizam o cosmo ioruba. Durante muito tempo, o conhecimento da magnitude desse universo cultural ficou restrito às pessoas que se iniciavam nesse universo religioso, excetuando-se os trabalhos acadêmicos e as publicações.

Porém, algumas experiências foram realizadas na transmissão desses valores via escolarização. Alguns terreiros de candomblé organizaram escolas nos seus espaços comunitários. Essas escolas, além das disciplinas formais do currículo escolar, acrescentam elementos do conhecimento ancestral ioruba.

Ensinam-se canções rituais, mitos cosmológicos vinculados às deidades iorubanas, à natureza terapêutica e ritualística das plantas e à presença dos elementos dessa cultura no universo simbólico do brasileiro, na música, dança, literatura, artes plásticas e ciência. Os núcleos que enfeixam os conhecimentos iorubas são ricos em fornecer informações em todas as áreas do conhecimento: universos da divinação; dos processos iniciáticos e da relação com os orixás; do contato com as energias ancestrais, e com o conhecimento litúrgico das folhas.

Dessa forma, universalizam-se as possibilidades de transmissão dos conhecimentos civilizatórios do universo ioruba, dos conhecimentos dos seus valores, e do aprendizado em duas dimensões: o da escolarização e o da educação dos valores universais, presentes nos Versos Sagrados de Ifá, infra-estrutura conceitual sobre a qual repousam os conhecimentos ancestrais ioruba. O percurso dessa experiência evidencia a presença de fortes e profundos elementos africanos e afro-descendentes no universo imaginário brasileiro, no seu dia-a-dia, na sua visão de mundo e no modo de se relacionar com o universo.



Bibliografia:

ABIMBOLÁ, W. The literature of the Ifá cult. In: Sources of Yorùbá

history. Ì bàdàn. Universiry Press, 1987.

BASTIDE, R. O candomblé na Bahia. São Paulo: Companhia, 1978.

ELBEIN DOS SANTOS, J. Os Nagô e a morte: Pàdè, Àsèsè e o culto

Égun na Bahia Petrópolis: Vozes, 1986.

RAMOS, A. As culturas negras no novo mundo. São Paulo:

Nacional, 1979.

RIBEIRO, R. Os iorubas. São Paulo: Ed, Oduduwa, 1996.

VERGER, P. Orixás: deuses Yorùbás na África e no Novo mundo.

Bahia: Corrupio, 1981.

XAVIER, J.T.P Exu, ikin e egan: as equivalências universais no

bosque das identidades afrodescendentes Nagô Lucumi – estudo

comparativo da religião tradicional ioruba no Brasil e em Cuba. Dissertação de mestrado defendida do programa de pós-

Graduação em Integração da América Latina da Universidade de S.

Paulo (PROLAM/USP), 2000.



Obs= Nossos agradecimentos ao Dr.Juarez tadeu de Paula Xavier; Jornalista. Doutor em Comunicação e Cultura-Programa de Pós- graduação em Integração da América Latina da Universidade de São Paulo (Prolam – USP),autor desta matéria que nos deu a oportunidade de informações para que possamos ampliar nossos
conhecimentos..

 

 

 

 

IFÁ; UM LUGAR NA RELIGIÃO TRADICIONAL YORUBÁ

O treinamento dos sacerdotes de Ifá e a mitologia de Ifá dão a esta divindade uma posição única dentre as incontáveis divindades da religião tradicional Yoruba.

Uma vêz que ele é denominado Obarìsà (rei das divindades) pelos sacerdotes de Ifá.

Esta posição de rei que Ifá ocupa entre as divindades Yoruba é o resultado de diversos fatores. Em primeiro lugar Ifá é o porta-voz das divindades e dos ancestrais. É através da divinação de Ifá que os seres humanos podem se comunicar com as divindades e com os ancestrais.

 

Sem ele e sem o sistema divinatório, os seres humanos teriam dificuldade de alcançar os poderes divinos e obter seu favorecimento nas horas de necessidade.

Além disso, Ifá representa um ramo especial da religião Yoruba por causa do seu aspecto intelectual. Neste sentido Ifá é mais que um ramo da religião Yoruba. Ifá é o meio pelo qual a cultura Yoruba se reforma e se regenera e preserva tudo que é considerado bom e memorável naquela sociedade.

Ifá é a cultura Yoruba no seu verdadeiro senso dinâmico e tradicional. Ifá é um meio pelo qual uma sociedade não letrada esforça-se para manter e disseminar sua própria filosofia e valores a despeito dos lapsos e imperfeições da memória humana na qual o sistema é baseado.

Não é surpresa, portanto que Ifá signifique tanto para o povo Yoruba, na sociedade tradicional Yoruba, a vida de cada homem, do nascimento até a morte é dominada e regulada por Ifá. Nenhum homem toma nunhuma decisão importante sem consultar o deus da sabedoria.

Todos os importantes ritos de passagem como cerimônia do nome, coroação de reis e cerimônias fúnebres, tem que ser sancionados e autenticados por Ifá, a voz das divindades e a sabedoria dos ancestrais. Este é o sentido dos seguintes versos existente que diz:

Ifá é o senhor de hoje,

Ifá é o senhor do amanhã;

Ifá é o senhor de depois de amanhã;

A Ifá pertence todos os quatro dias criados pelas divindades na terra

Mas, Ifá é mais que um sistema Yoruba; traços deste fascinante sistema podem ser encontrados em várias outras culturas do Oeste da África, principalemte entre os Edo, Igbo, Ewe, Fon, Jupe, Jukun, Borgu e outros grupos étinicos do Oeste da África.

O estudo detalhado de Ifá e dos sistemas relacionados a adivinhação de Ifá entre estas culturas do Oeste da África, ainda estão para serem explorados.

O que sabemos no momento é que entre os Yoruba, Ifá foi tão intimamente identificado com a mitologia, folclore, medicina popular, história, religião e sistemas de valores da cultura,que é quase sinônimo da própria cultura Yoruba.

OBS- ESTA MATÉRIA NÃO É DE MINHA AUTORIA, DEIXO MEUS AGRADECIMENTOS A WANDE ABIMBOLA, AUTOR DESTA.

 


PORQUE ÒRÚNMILÀ PARTIU DEFINITIVAMENTE PARA O ORUN


Essa história se passa em Ifè, quando Òrúnmilà não tinha filhos e seus opositores se vangloriavam de que ele jamais teria filhos em Ifè. Mas, estavam enganados, pois mais tarde Òrúnmilà teve oito filhos: o primeiro foi Ajerò, o seguindo Olóyémoyin, em seguida Alákegi, Ótangi, Òlélé, Eléjèlúmòpé, Owárangún e o último Olówó, o caçula do grupo e rei da cidade de Òwò.
Durante sua importante solenidade, quando Òrúnmilà celebrava um ritual, ele mandou chamar todos os filhos que haviam se tornado altos chefes de seus próprios domínios. Ao chamado acorreram todos, prestando obediência ao pai, com a saudação àbòrú bòyè bo síse - "que os rituais sejam abençoados e aceitos". Porém, o mais moço dos filhos Olówò, recusou-se a saudar o pai, além de estar vestido do mesmo modo que Òrúnmilà, o que simbolizava sua rejeição à autoridade e superioridade paterna. Permanecendo de pé, provocou um diálogo ríspido com Òrúnmilà, que, enfurecido, arranca o batão de òsùn empunhado por Olówò, o que significava por simbolismo a cassação de sua autoridade. O bastão de òsùn é uma espécie de cajado pertencente a uma antiga divindade yorubá e usado apenas pelos sacerdotes de Ifá, como símbolo de autoridade e superioridade. A retirada do bastão representaria, portanto, a cassação da autoridade que Òrúnmilà havia conferido aos filhos como importantes seguidores de sacerdote.
Mas a reação do pai diante da ação prepotente do filho não parou aí. Provocou o retorno de Òrúnmilà ao òrun, onde se estabeleceu ao pé de uma palmeira de dendezeiro - igi ope - cujos ramos brotavam aqui e ali dezesseis (ikin) coquinhos. O resultado dessa situação foi a fome, a peste, a confusão total na Terra, uma vez que Òrúnmilà representava o princípio da ordem, sabedoria, fertilidade e continuidade na face jovem do planeta. Sua partida da Terra, portanto, trouxe o caos total. As chuvas cessaram imediatamente. O ciclo da fertilidade das plantas e dos animais foi desfeito, ameaçando de total extinção o homem e o seu ambiente. Diante desse quadro, todos aclamavam pela volta de Òrúnmilà. Foram pedir aos filhos que rogassem ao pai pela sua volta a fim de que a ordem pudesse ser restaurada. Quando os filhos chegaram ao òrun, na mitologia yorubá, na época, não havia separação física entre o Céu e a Terra, rogaram ao pai pela sua volta, entoando palavras de louvor. Mas Òrúnmilà negou-se terminantemente a segui-los de volta ao aiye e pediu que todos estendessem as mãos à frente e deu-lhes dezasseis coquinhos - ikin - da palmeira sagrada da divinização de Ifá. Disse ele: "Quando chegarem em casa, se desejarem possuir dinheiro, esposa e filho, é isto que deverão consultar se desejarem roupas, casa de morar e todas as boas coisas da Terra, é isto que deverão consultar".
 

 

 



ÈLÁ CONSERTA O MUNDO

Considerado o principal Òrìsà no culto de Òrúnmìlá, ambos são feito embaixo de uma palmeira e apresentam Ikin.

A história conta que Èlá tem uma relação de muita afinidade com Ifá, por isto em yorubá é considerado a Àgbonnìrégún -filho de Ifá.

Mas para alguns é considerado mensageiro de Òrúnmìlá e para outros é apenas seu amigo.

Mas independente da história apresentada, Èlá é considerado o principal Òrìsà no culto à Òrúnmìlá, e se forem observados a característica e o culto dos dois descobre-se que ambos apresentam em suas oferendas Ìkín, e essas são feitas debaixo de uma palmeira.

O ano yorubá começa com a festa a Èlá, depois Ifá, sendo que 16 dias depois da festa a Èlá homenageia-se Òrúnmìlá sempre lembrando Èlá, mostrando afinidade entre os dois Òrìsàs.

A única diferença é que Èlá usa o dente de elefante.

Os yorubás acreditam que Èlá veio ao mundo para consertá-lo, por isto é chamado Alátunse ilé-àiyé, e dentro da história aparecem como sócios.

Se foi assim, então Òrúnmìlá traz dentro de si Èlá que é chamado de Osin (rei ou lider), Èlá também pode ser chamado de filho de Olódùnmarè e até hoje os yorubás espetam elé (uma folha), para dizer que ela nunca fica murcha comparada com outra folha.

Afirma isto porque existe uma ligação entre esta folha e Èlá e sua energia é tão forte que algumas pessoas a plantam em cima da casa. Acreditam que desta forma vão protegê-la.

Como ser humano Èlá é paciente, levando paz e transformando os problemas em coisas boas.

Èlá é um Òrìsà que concerta Orì (cabeça). Sempre entra em guerra com Èsù, quando este quer usar sua força negativa, acalmando-o.

Èlá tem grande força para levar a tranquilidade para uma cidade, além de muita energia positiva, ajudando o homem sem pedir nada em troca.

 


Orunmilá diz que as coisas devem ser feitas pouco a pouco;

Eu digo: é pedaço por pedaço que se come a cabeça do preá; é de pedaço em pedaço que se come a cabela do peixe; Aquela que mora no mar, aquela que vinha na lagoa era a mais importante da cidade de Ifé, há muito tempo atrás.

Não somos tão grandes como o elefante nem tão resistentes quanto ao búfalo.

A faixa de pano usada por dentro não precisa ser tão virtuosa, quanto a usada por cima.

Nenhum rei é tão poderoso quanto o rei de Ifé; Nenhum colar é tão longo quanto o de Yemideregbe, a divindade
do mar.

Orunmilá diz que : deveríamos medir o comprimento e a largura; que a mão alcança mais alto que a cabeça; que as folhas mais novas da palmeira elevam - se muito mais que as folhas mais velhas.

Nenhuma floresta é tão densa que a árvore Irokô não possa ser vista; nenhuma música soa tão alto que o Agogô não possa ser ouvido.

"O meu é importante, o meu é importante", parece dizer o grito da Garça Real Cinzenta.

Bem, então de quem é o assunto mais importante?

O assunto mais importante é claramente o assunto de Ifá, sem

dúvida!

O espinheiro Ôkan brota abundantemente e acaba por alcançar o caminho; mas claramente o assunto de Ifá é o mais importante!

A liana Ôgan cresce profusamente e quase impede o caminho; Mas claramente o assunto de Ifá é o mais importante!

"O meu é importante, o meu é importante", parece dizer o grito da Garça Real Cinzenta.

Mas é claro que o assunto de Ifá é o mais importante!

Nenhuma música soa tão alto que o Agogô não possa ser ouvido.

Mas claramente o assunto de Ifá é o mais importante!
 

 

 



Como Ejiogbe se tornou o rei dos Olodus

Depois de todos os dezesseis Olodus terem vindo ao mundo, foi o momento para apontar a cabeça entre eles. Ejiogbe não foi o primeiro Olodu a vir para o mundo. Muitos outros tinham vindo antes dele. Antes deles, Oyeku-Meji que era o Rei da Noite tinha sido proclamado o mais velho. A maioria caiu em Oríşa N’lá (O filho de Deus, ou o representante de Deus na terra) para indicar o rei dos Olodu. Oríşa N’lá convocou todos e lhes deu um rato para repartir entre eles. Oyeku-Meji pegou uma perna, Iworí-Meji pegou a segunda perna, Odi-Meji pegou uma mão e Obara-Meji pegou a mão restante. As outras partes foram repartidas em ordem convencional de idade. Ejiogbe sendo muito novo foi dada à cabeça do rato. Na seqüência Oríşa N’lá lhes deu um peixe, uma galinha, um pombo, uma angola e finalmente um bode, os quais foram todos repartidos de acordo com a ordem estabelecida com o rato. Em cada caso a Ejiogbe foi dada à cabeça de cada um dos animais sacrificados. Finalmente Deus (Oríşa N’lá) convocou-os para vir a ele para uma decisão depois de três dias. Chegando em casa Ejiogbe fez uma consulta oracular e lhe foi dita para dar um bode a Èşu. Depois de comido seu bode, Èşu lhe disse no dia indicado, que ele deveria assar uma raiz de inhame e guardá-lo em sua sacola junto com uma vasilha de água. Èşu também o avisou para ir depois para o encontro dos Olodus ao palácio de Deus.

No dia recomendado, os Olodus foram convocá-lo para a conferência. Após o deixarem, ele tirou inhame, descascou e o colocou dentro de sua bolsa com uma cabaça de água. No caminho para a conferência ele encontrou uma velha mulher, justo como Èşu previu e de acordo com o aviso dado ele aliviou a velha do peso da madeira para o fogo que ela estava carregando, porque ela já estava tão cansada que mal podia andar. Após aceitar de maneira agradável a ajuda, ela se queixou que estava com uma fome terrível. Instantaneamente Ejiogbe retirou o inhame assado de dentro de sua bolsa e o deu para ela comer. Depois de comer, ela pediu por água e ele lhe deu a cabaça d'água de dentro de sua bolsa. Com a refeição terminada ele carregou a lenha enquanto a velha senhora caminhou ao seu lado.

Ele não percebeu que a mulher era a Mãe do Deus Filho. (Oríşa N’lá). Entretanto como ele deu a impressão de estar com pressa, a velha perguntou-lhe onde ele estava indo com tanta pressa. Ele respondeu que ele já estava atrasado para uma conferência na qual Oríşa N’lá iria apontar o rei entre os Olodus. Ele disse que ela não estava tomando seu tempo, de qualquer maneira, já que ele era muito novo para aspirar à coroa dos dezesseis apóstolos de Ọrúnmìlá.

Na sua resposta a velha assegurou-lhe que ele estava indo para ser feito o rei dos apóstolos. Quando eles chegaram à casa da mulher, ela lhe disse para depositar a lenha atrás da casa. Ejiogbe já estava identificando a casa como a de Oríşa N’lá, quando ele compreendeu que a mulher que ele tinha auxiliado era ninguém mais que a mãe dele. Ele então se curvou em sinal de respeito. A mulher lhe disse para seguí-la até o interior da casa. Chegando lá ela trouxe duas peças de roupa branca, uma em seu ombro direito e outra em seu ombro esquerdo. Ela então inseriu uma pena vermelha de papagaio na cabeça de Ejiogbe e uma marcação (giz branco) em sua palma direita, depois ela lhe mostrou as 146 (Ota legbeje) pedras em frente e fora da casa de Oríşa N’lá e direcionou-o a ir e sentar no topo de uma pedra branca no meio. Em seu novo enxoval, ele foi se sentar lá, enquanto os outros esperavam em uma câmara de Deus.

Depois Oríşa N’lá perguntou aos outros por quem eles ainda estavam esperando e todos eles responderam que eles estavam esperando por Ejiogbe. Oríşa N’lá então perguntou-lhes pelo nome do homem que estava sentado lá fora. Nem mesmo eles puderam reconhecê-lo como Ejiogbe. Oríşa N’lá orientou-os a ir e prestar respeitos ao homem. Um após o outro eles foram se prostrar e tocar o chão com suas cabeças nos pés da onde Ejiogbe estava sentado. Em seguida Oríşa N’lá formalmente proclamou Ejiogbe como o rei dos Olodus da família de Ọrúnmìlá. Quase que unanimemente, todos os outros Olodus se queixaram aborrecidos demonstrando sua desaprovação pela nomeação do mais novo Olodu para chefiar entre todos eles. Neste ponto Deus lhes perguntou como eles repartiram os animais que ele tinha dado a eles durante os sete dias no período de avaliação. Eles explicaram como eles os dividiram. Ele lhes perguntou a quem foi dada a cabeça de cada um desses animais e eles confirmaram que tinham dado para Ejiogbe. Oríşa N’lá então exclamou que foram eles que voluntariamente apontaram Ejiogbe para ser o seu Rei, porque quando a cabeça está fora do corpo, o resto não tem vida. Com aquela observação eles todos se dispersaram.

Quando eles deixaram o palácio de Orişa N’lá, todos eles decidiram prender Ejiogbe em seus fortes braços. Não apenas resolveram não se reconciliar com ele como também decidiram nem servi-lo nem visitá-lo. Antes da dispersão Ejiogbe compôs um poema o qual ele usou como um encantamento:

Oja nii ki owo jaa,
Owuwu oni koo wo won wuu
Ikpe Akiko kiiga akika deenu,
Ikpe Oríre kii gun Oríre deenu,
Etuu kii olo tu won nimo,
Inu lo otin ire efo ebire wa.

Com aquele encantamento especial, esperava neutralizar todas as maquinações maléficas contra ele. Ele usou algumas espécies de folhas para este propósito. Após aquele incidente, eles lhe disseram que antes não podiam aceitá-lo como rei, ele teria de banqueteá-los com:
200 cabaças de inhame assado.
200 potes de sopa preparada com diferentes tipos de carnes
200 cuias de vinho.
200 cestas de obi, etc, dando lhe sete dias para organizar o banquete.

É desnecessário dizer que parecia uma tarefa impossível porque eles sabiam que Ejiogbe não poderia bancar financeiramente um banquete daquele tamanho. Ejiogbe sentou-se lamentando de sua pobreza, e a perspectiva de se tornar um pastor sem rebanho. Entrementes, Èşu veio a eles para descobrir a causa de sua melancolia e ele explicou que não tinha dinheiro disponível para financiar esmeradamente o banquete solicitado pelos Olodus, antes de eles poderem aceitar se submeter a ele. Èşu replicou que o problema seria resolvido se Ejiogbe lhe desse mais outro bode. Ejiogbe não perdeu tempo em dar o outro bode para Èşu. Após comer o bode, Èşu avisou-o a preparar apenas uma de cada de todas as coisas necessárias para o banquete e para fazer cento e noventa e nove recipientes adicionais cheios de cada item e enfileirá-los fora do salão do banquete no dia indicado. Ejiogbe seguiu a recomendação de Èşu adequadamente, neste meio tempo, cada um dos Olodu tinha estado fazendo pilhérias dele, já que eles sabiam que não havia jeito para Ejiogbe poder providenciar o banquete.

No sétimo dia, eles começaram a visitá-lo um a um para confirmar se ele estava certo com o banquete, já que eles não ouviram o som do socar do pilão vindo da sua cozinha, acreditaram que não iria haver banquete mais tarde. Entretanto, tendo ainda fora os potes cheios, Èşu foi para o salão e ordenou uma preparação só para multiplicar em potes cheios. Instantaneamente, todas as cabaças, potes de sopa, cuias, cestas, etc, estavam cheias com preparados frescos e o banquete estava pronto.

Assim que Oyeku-Meji chegou ao banquete descobriu o que estava acontecendo, ele ficou atônito em ver que o banquete estava pronto depois de tudo. Sem esperar por um convite formal, sentou-se para servir a si mesmo a comida.

Ele foi seguido adequadamente por Iworí-Meji, Odi-Meji, Obara-meji, Okonron-Meji, Irosun-Meji, Owanrin-Meji, Ògúnda-Meji, Osa-Meji, Otura-Meji, Irete-Meji, Ika-Meji, Oturukpon-Meji, Ose-Meji e Ofun-Meji. Antes de perceberem o que estava acontecendo, eles tinham jantado tudo e bebido para a alegria de seus corações.

Após o banquete, todos eles carregaram Ejiogbe acima de suas cabeças e começaram a dançar em procissão cantando:
"Agbee geege, Agbee Babaa, Agbee geege, Agbee Babaa."

Eles dançaram em procissão através da cidade. Quando chegaram à margem do oceano, Ejiogbe lhes disse para colocá-lo no chão e ele cantou em louvor dos Awo que fizeram a divinação para ele e do sacrifício que ele fez. Com o que ele foi coroado formalmente o rei dos apóstolos de Ọrúnmìlá, com o título de Akoko-Olokún.

Neste momento, ele sacrificou caracóis na margem do oceano e foi o último sacrifício que ele fez antes de se tornar próspero e o trono começou a florescer e vicejar.


 

 


IROFÁ – IROKE A SINETA DIVINATÓRIA ( IRO, IRO IFA)

Como as figuras são cosideradas como decorrentes, não simplesmente do acaso ou sorte, mas controladas por Ifá, que pessoalmente supervisiona cada divinação, o adivinho pode atrair a atenção desse deus antes de iniciar a divinação. Com esse objetivo ele percute uma sineta ou “baqueta ritual” (iro) contra o tabuleiro divinatório. Esta é conhecida como a baqueta de Ifá (irofa, iro Ifa) em Ifé, como a baqueta de marfim (iroke, iro ike) em Ibadan e região de Oyo, e como orunfa (orun Ifa) ou orunke (orun ike) em Meko; mas os termos irofa e iroke são amplamente reconhecidos. A baqueta tem, geralmente, cerca de 20 a 40 centímetros de comprimento, e é esculpida em madeira, com a extremidade inferior, que se bate no tabuleiro, modelada na forma de uma presa de elefante. A extremidade superior (quando ela é segurada) é simplesmente decorada mas também entalhada – por exemplo, representando uma mulher ajoelhada; por cima, há, por vezes, uma ponta no formato de sineta, com ou sem badalo interno. Essa sineta no topo é muito mais incomum que a ponta em forma de presa que percute o tabuleiro. Frobenius (1913: I, 253) reproduz esboços de quatorze sinetas de Ifá, ilustrando a gama de variedades existentes em sua forma. Adivinhos mais ricos possuem sinetas esculpidas em marfim ou moldada em latão. Um par incomum, procedente de ifé, fundido em bronze. Um simples bastão coberto com as contas castanhas e verde-claras de Ifá é também usado para esse fim em Meko e conhecido pelos mesmos nomes ou cabo do chicote rabo-de-vaca pode ser empregado. Muitos adivinhos possuem sinetas divinatórias embora elas não sejam essenciais à divinação e, em ifé, os adivinhos mais experientes com freqüência não utilizam os seus. A seguinte lenda de Ifá, que dá conta da origem da sineta ou baqueta ritual, foi contada por um adivinho de ifé que a atribuiu à figura Ọgbê Okanran: Em certa época, Orunmilá protegia Elefante e foi para a floresta com ele. Faziam qualquer tipo de trabalho para obter dinheiro, mas Orunmilá não era tão vigoroso quanto Elefante e não podia suportar as dificuldades tão bem. Eles trabalharam na floresta durante três meses e três anos; mas quando eles retornaram, Orunmilá tinha ganho apenas dinheiro suficiente para comprar uma roupa branca. Em seu caminho de volta para casa, Orunmilá pediu a Elefante para segurar a roupa enquanto ele entrava no mato para aliviar-se. Elefante o fez; mas quando Orunmilá voltou, Elefante a havia engolido. Quando Orunmilá pediu a roupa de volta, Elefante negou havê-la recebido. Nasceu grande disputa entre eles e prosseguiu à medida que seguiam pelo caminho. Finalmente chegaram a uma encruzilhada, onde se separaram, Orunmilá seguindo o caminho para Ado sem sua roupa e Elefante indo para Alọ. A caminho de Ado, Orunmilá encontrou Caçador, que disse estar indo caçar elefantes. Orunmilá lhe disse que sabia onde poderia achar um e matá-lo e dirigiu-o para seguir o caminho para Alo. Disse-lhe que encontraria um elefante e que o mataria e que quando o abrisse, encontraria uma roupa branca que ele lhe deveria trazer de volta. Caçador seguiu o caminho, encontrou o Elefante e o matou. Quando lhe abriu as entranhas, achou a roupa branca lá dentro. Devolveu-a a Orunmilá juntamente com uma das presas do elefante como presente. Desde aqueles tempos, em virtude da falsidade de Elefante, Orunmilá e os babalawô usam a presa de um elefante como iroke. E desde aquela época, qualquer caçador que mata um elefante precisa levar uma para um babalaô.

Obs- Esta matéria não é de minha autoria, são frutos de meus estudos e pesquisas, portanto deixo meus agradecimentos a todos os pesquisadores que muito trabalharam para quepudéssemos ser mais informados, em especial a William Bascon .

 


OPÁ ERÉRÉ

ÓSÚN OU OPÁ- ERÉRÉ

É uma ferramenta de uso exclusivo dos babalawos, da mesma forma que o opon-ifá o tabuleiro sagrado, iroke ou irofá, a "sineta de Ifá".
Esta última, infelizmente, está vulgarizada e não é raro ver-se pessoas sem qualquer ligação com o culto de Ifá, sacudindo irokes que, para cúmulo do desrespeito, chamam de "adjázinho de madeira".
O Opa erere remete ao culto de Ifá e à evocação da proteção de todos os babalawos falecidos que, seja de que origem forem, descendem de Akoda e Asedá, os primeiros seres humanos iniciados no culto, segundo as lendas, pelo próprio Orunmilá.

Como todo opá ou a maioria deles (excetuando-se as bengalas assim denominadas), o Opa Erere ou Osun, representa a união entre o aiyé e o orun, ou seja, o mundo material e o céu metafísico habitado por diferentes entidades espirituais.

Assim sendo, esta "ferramenta" não é um Orisá.



òsún”

Esta palavra quando se refere ao bastão em questão, significa apenas “não dormir” o que a identifica em atributos e função ao “Opa Erere” que significa ”bastão da insônia”.

"Opa Orere”; é o bastão-simbolo que confere poder ao Babalaô, que também é denominado Osun, este bastão é tão sagrado que tem que ser mantido permanentemente em pé, pois a sua caída, significa também a caída do Babalaô, isto é, a morte.

No topo do Opa Orere, há uma ave com a forma de um pombo, que lembra a história de Eiye kan, o primeiro pombo que veio reproduzir graças a Ifá, este pombo passou a chamar-se Eiyele, e agora simboliza a honra e a autoridade, por isso ali colocado.

O Opa Orere (Osun) é plantado na terra onde se veneram os ancestrais. O Opa Orere (Osun) deve ficar sempre em pé. Diz-se dele:

ÒSÙN O! ÒSÙN DÓRÓ KÓ O MÁ DÚ BÚLÈ.

Ó Ósún! Ósún fique erguido, não se deite.




OSUN – OPÁ ERÉRÉ – (Akrelele – fon)


O Osun ou Opa eréré é o bastão de segurança do babalaô. Vive dentro do igbodu-ifá, com a ponta de baixo cravada firmemente na terra e, onde quer que o babalaô vá adivinhar deverá levar o seu bastão para crava-lo na terra ao seu lado.
Deverá ser empunhado pelo babalaô durante a caminhada ao local onde for proceder a uma adivinhação, servindo aí, como uma espécie de bengala.
O Osun deverá permanecer sempre na posição vertical e no local onde fica será colocada uma cabaça de pescoço onde se guardam diversos pós medicinais.
O Osun evoca uma antiga lenda que faz referência à uma palmeira milagrosa, pertencente a Orunmilá que possuía 16 pequenos ramos distribuídos no seu tronco em quatro seções distantes, umas das outras, aproximadamente dois metros. Cada uma destas ramificações possuía, segundo o itan, quatro folhas direcionadas para cada um dos pontos cardinais.
Os Osuns posteriormente construídos seriam uma representação desta sagrada árvore.
Trata-se, na verdade, de uma ferramenta de fácil confecção. Seu “tronco” é feito com uma haste de ferro roliço cuja extremidade inferior tem a forma de um ponteiro, o que facilita sua fixação na terra. O tamanho do bastão varia de acordo com a preferência de seu proprietário.
No alto do bastão, é afixado uma espécie de prato de ferro de cujas bordas pendem pequenas sinetas de forma cônica, do mesmo metal. Sobre o prato deve ser afixado a figura, também em ferro, de um pássaro, como as existentes nas ferramentas de Ossain.
É comum enfeitar-se o bastão com franjas de mariwo que são penduradas nas bordas do prato que o encima.




Alguns Osuns, usados principalmente no Abomehi, possuem além do prato superior, quatro seções superpostas distribuídas de forma eqüidistante em sua haste. Em cada uma destas seções, quatro sinetas idênticas às que pendem da plataforma superior, são penduradas, direcionadas, cada uma, a um ponto cardeal. Observa-se aqui uma referência mais fidedigna à palmeira anteriormente descrita.
Sempre que um babalaô se sentir ameaçado por qualquer situação, será com este bastão que irá recorrer ao auxílio de outros sacerdotes de Ifá já falecidos.
O Osun é sacralizado junto com o Ifá do babalaô, ocasião em que recebe parte das oferendas destinadas a Ifá, assim como um pouco do sangue de cada animal a ele sacrificado e o sacerdote pode possuir mais de um destes bastões de diferentes tamanhos.
Quando o babalaô morre, antes dos funerais seus Osuns são levados para fora do igbodu Ifá onde ficam deitados no solo. Depois do sepultamento do sacerdote, procede-se os devidos rituais

 

 

 

O TREINAMENTO DO SACERDOTE DE IFÁ NA ÁFRICA

 

Na sociedade tradicional Yoruba, os sacerdotes de Ifá eram os médicos, psiquiatras, historiadores e filósofos da comunidade à qual eles pertenciam.

Portanto, não é surpresa nenhuma que um sistema elaborado de treinamento envolvendo tanto tempo e paciência seja a marca para aqueles que aspiram a ser sacerdotes de Ifá.

O resultado é que só uma pequena parcela das pessoas completa o árduo e longo treinamento.

A maioria das pessoas começa seu treinamento ainda muito jovem, geralmente entre dez e doze anos de idade e permanece com seus mestres pelos próximos dez ou quinze anos após a primeira parte do seu treinamento Ter sido completada.

Na maioria dos casos os aprendizes vivem com seus mestres e o ajudam em alguns trabalhos de casa e da fazenda ou so seu jardim.

O início do trino consiste em ensinar ao noviço como manipular o Òpèlè e as nozes de palmeira.

O estudante aprende, nesta fase do treinamento as marcas e os nomes dos 256 Odù. Isto leva no mínimo dois ou três anos.

Esta é a parte básica do treinamento que requer uma boa memória e muita paciência e dedicação por parte do estudante.

Após o estudante ter se tornado um exímio conhecedor dos nomes dos Odùs e suas marcas, ele pasa a aprender passo-a-passo os poemas que pertencem a cada Odù.

O sacerdote professor,cita algumas linhas de um poema e o estudante repete igual papagaio. Deste modo, os poemas curtos podem ser aprendidos a cada dia enquanto que os poemas longos podem levar muitos dias para ser aprendidos.

O estudante gasta muitas horas por dia treinando os poemas que aprendeu com seu mestre. Isto refresca a sua memória e o ajuda a saber quais poemas já aprendeu completamente e quais esqueceu.

A maior parte do treinamento, entretanto é informal.

O estudante aprende muito enquanto sentado ao lado do seu professor assiste como ele manipula os instrumentos de Ifá e como ele canta os versos de Ifá para seus clientes.

O estudante às vêzes ajuda seu mestre a preparar os remédios ou procura o material necessário para os sacrifícios.

Desta maneira o futuro sacerdote reforça seus conhecimentos a respeito das coisas que ele já aprendeu e aprende novos poemas e novas fórmulas medicinais.

Uma outra parte importante do treinamento do sacerdote de Ifá consiste no aprendizado dos sacrifícios que são feitos junto com cada poema.

Aqui, o estudante deve aprender detalhes minuciosos tais como o nome dos materiais necessários ao sacrifício e como o material deve ser preparado para o sacrifício e como o material deve ser preparado para o sacrifívio; se deve ser cozido, colocado no altar (santuário), de uma divindade em particular, levado para o rio ou para a encruzilhada.

Como foi dito acima o estudante de Ifá aprende um pouco de medicina populara com seu mestre. Esta é uma parte muito importante do treinamento do sacerdote de Ifá, e como será visto adiante, alguns sacerdotes escolhem esta área para especializarem-se na sua pós-iniciação.

Nenhum sacerdote pode Ter uma prática bem sucedida se ele nada sabe de medicina, já que muitas pessoas procuram o sacerdote para ajuda médica para curar seus males.

Quando o sacerdote está satisfeito com o estudante e este já aprendeu bastante sobre as várias coisas listadas acima, ele permite que o estudante se inicie. Iniciação é o climax de vários anos de duros estudos e é celebrada com a pompa e dignidade próprias.

O futuro sacerdote é levado à floresta onde vários sacerdotes graduados o examinam nas diferentes áreas nas quais ele recebe instruções. Eles também o aconselham a aceitar sem restrições os segredos e a ética de sua profissão. Ele volta da floresta como um sacerdote completo e fica sendo conhecido por toda a comunidade como babaláwo ( pai dos segredos da divinação). Ele pode estabelecer-se sozinho ou com seus companheiros.

A iniciação, no entanto, não é o fim do treinamento do sacerdote de Ifá; para a educação de um verdadeiro babaláwo é preciso toda uma vida.

O treinamento pós-iniciação é altamente observado por todos os sacerdotes de Ifá. esta parte do treinamento dos sacerdotes de Ifá envolve especialização geralmente em medicina ou no aprendizado de poemas e áreas não cobertas pelo seu treinamento anterior.

Este aspecto do treinamento muitas vêzes leva o sacerdote para longe de sua casa. Se por exemplo o mais famoso sacerdote de Ifá na área de medicina mora a cento e cinquenta kilómetros de distância de sua casa, o babaláwo em pós-iniciação vai para lá e fica por alguns anos para aprender os segredos daquele ramo da medicina.

O treinamento da pós-iniciação geralmente leva o babaláwo para longe de sua casa e neste contexto ele aprende mais sobre outras pessoas e faz amigos em lugares distantes. Isto dá ao sacerdote um refinamento de sua personalidade o que faz dele uma pessoa especial entre os seus companheiros, como uma pessoa bem informada, viajada e bem disciplinada.

Através dos longos e sistemáticos anos de treinamento descritos acima, os sacerdotes de Ifá sucederam-se na transmissão dos mais importantes ingredientes do seu repertório de uma geração para a outra sem adulteração.

Isto mostra que sociedades não-letradas podem se desenvolver, preservar, e transmitir os seus principais conhecimentos académicos, sem saber a arte da escrita. Os sacerdotes de Ifá podem ser considerados os intelectuais tradicionais deste sistema oral, e seus longos anos de treinamento os coloca fora do resto da sociedade como versado, paciente, dócil e humilde portador da tradição Yoruba.

A sobrevivência dos ingredientes da tradição Yoruba através dos turbulentos anos daquela cultura, dependem em grande parte deste empedernido grupo de discípulos e bem informados “pais dos segredos da divinação de Ifá”.

OBS-ESTA MATÉRIA NÃO É DE MINHA AUTORIA PORTANTO DEIXO MEUS AGRADECIMENTOS A WANDE ABIMBOLA AUTOR DESTA.

 

 

CARGOS DE BABALAWO EM IFÉ

 

1. Arabá, um título cujo significado foi explicado como árvore da seda de algodão (Ceiba pentandra) [1] que, por sua dimensão, é chamada de Arabá, pai das árvores (Arabá baba igi) e se refere á sua importância. Arabá é também o divinador-chefe em Igana e outras cidades Iorubá.

 

2. Agbọnbọn, que significaria aquele que vem primeiro e o nome do primogênito de Orunmilá.

 

3. Agesinyowa, ocupado pela primeira vez por homem suficiente rico para possuir um cavalo que ele montava (agun-esi) e que cavalgava para si as reuniões dos divinadores.

 

4. Aseda, interpretado como significando aquele que faz criaturas (a-se-eda) porque ele cria gente no céu.

 

5. Akoda, um título que habitualmente quer dizer “portador de espada” ou “o que pendura uma espada” (a-ko-ida) mas quei foi interpretado como corruptela de Akode, significando “o que chega primeiro”, isto porque é aquele que chama os demais no festival anual e, por seguinte, os precede. Este e o título precedente são mencionados numa saudação a Ifá para o mundo inteiro; e Aseda que ensinou a todos os anciãos (o) entendimento” (Akoda ti nko gbogbo aiye ni Ifa, Aseda ti nko gbogbo agba nimeran).

 

6. Amosun, traduzido como “o que toma osun”, refere-se á lança de ferro (osun, orere) que o primeiro Amosun levou para Ifá.

 

7. Afedigbe, explicando como sendo “senhor de idigba”, se refere ás grandes contas (digba) que cada Awọni possui. Afedigba arranja as contas de Arabá enquanto ele dança, ajudando a mantê-las no lugar.

 

8. Adifolu, que se diz significar“ o que divina todos os gêneros de Ifá”, misturando-os todos, com quanto na prática ele proceda à divinação tal qual os outros.

 

9. Obakin, o “rei okin” (Obá okin), se referindo a um pássaro branco (okin), identificado por Abraham como agrete que se diz rei dos pássaros e cujas penas altamente valorizadas são usadas nas coroas de alguns reis Iorubá. É necessário descrever como é descrita a cabeça de reis destronados, com a explicação de que quando eles buscam refúgio em Arabá e, eventualmente, saem para se instalarem em outro lugar, Obakin serve de representante deles, ou seu intermediário Ifé.

 

10. Olori Larefa, o “cabeça dos Larefa”, que são os funcionários encarregados de Ifá no palácio. Embora eles próprios não pratiquem divinação, conhecem muitos a respeito, freqüentemente muito mais que muitos divinadores.

 

11. Ladagbá, que é traduzido por camareiro, aquele que serve a comida e bebida para os outros Awọni, tomando conta de tudo o que não foi consumido.

 

12. Jolifinpe, querendo dizer “Deixe o Rei permanecer por muito tempo no poder” ( je-Olofin-pe) ou “longa vida ao Rei”. Sua função é a de tratar do Ọni quando está enfermo.

 

13. Megbon, significa "não sou sábio" (emi o gbon) fundado no fato de o primeiro ocupante desse título haver sido respeitado mais por sua categoria que por sua destreza.

 

14. Tedimole, traduzindo “comprima as nádegas contra o chão” (te idi mo ile), pois nos velhos tempos ele permanecia sentado junto ao sacrário de Ifá e podia deixá-lo jamais. Em tempos mais recentes, tinha de ficar ao lado do sacrário no interior da casa do Arabá durante o Egbodo Erio, o segundo festival anual de Ifá.

 

15. Erinmi, não explicado mas talvez se referindo a uma divindade do mesmo nome, cujo significado é “elefante d'água” (erin omi) ou hipopótamo.

 

16. Elesi, também não explicado, quiçá significado “aquele que possui esi” ( e-li-esi ), ligada a uma pedra esculpida ou estatueta de madeira, preparada pelos divinadores a fim de manter o mal afastado de Ifé, de molde a que o povo do canto urbano não morresse.

Na verdade, somente duas posições têm status estável e fixo: a do Arabá e a do Agbọnbọn. Os demais títulos são hierarquizados segundo a antiguidade dos titulares e, a não ser que um dentre eles se torna Arabá ou Agbọnbọn, eles mantêm seus títulos vitaliciamente.

 

(Bascom, William - Ifa Divination - pgs. 103 e seguintes).


OBS- ESTA MATÉRIA NÃO É DE MINHA AUTORIA, DEIXO MEUS AGRADECIMENTOS AO AUTOR ACIMA CITADO.

 

COMO TAMBÉM ESTA SENDO PUBLICADA PARA UMA SIMPLES EXPLANAÇÃO DE CARGOS, EXITENTES NA AFRICA.

 

 

 

 

 

 

AWÒN TÍ WÓN SÈGÙN OTÀ, KÒ SÒHÙN TÍ YIÓ FÁ IBÈRÙ OTÀ.

 

 

 

“Quem vencer o inimigo de dentro não tem nada a temer do inimigo externo. “

 

 

 

 

 

Aqueles que adoram os Orisás estão empenhados em encontrar uma maior consciência de si e do mundo que está ao seu redor.

 

 

 

Ifá ensina que este caminho está enraizado no processo de superação do medo.

 

 

 

Aqueles que vivem no medo perpetuam esse medo em vez de encontrar o destino.

 

 

 

Ifá, como a maioria das tradições espirituais, ensina que o medo é superado pela coragem.

 

 

 

Não há maneira fácil de acessar a coragem e a cada confronto com o medo envolve a ação para superá-lo.

 

 

 

 

 

Ifá reconhece que evitar o medo é sufocante. Por exemplo, se alguém está com medo de falhar, enquanto procura um emprego, argumentando sempre este fator,com certeza não encontrarás empregos disponíveis.

 

 

 

 

 

Os psicólogos chamam este "deslocamento".

 

Um elemento-chave para viver em harmonia com o Orisá é a capacidade de identificar, apoiar e transformar esses medos internos que impedem a ação.

 

 

 

 

 

Este provérbio é muito claro ao afirmar uma vez que os medos internos estão superados. Aqueles medos que ocorrem no mundo exterior se tornam insignificantes.

 

 

 

Um dos rituais utilizados para lidar com o medo é a invocação do espírito guerreiro de Ogum.

 

 

 

A invocação é seguido por um pedido à Ogun para que os obstáculos que estão no caminho não venha interferir no seu destino pessoal.

 

 

 

 

 

Quanto mais nos aprofundamos e reverenciamos Ogun fica claro que as pessoas que carregam seus pedido a Ogun ficam surpresos ao descobrir que os obstáculos encontrados são mais internos e não externos.

 

 

 

 

 

Em termos literais a obstrução é imaginário e não real.

 

 

 

 

 

De acordo com os escritos de Ifá, os obstáculos criados no imaginário, chamado Elenini autoinvocados. Os obstáculos imaginários são difíceis de eliminar porque permanecem ainda desconhecidos, sempre mudando de forma um pouco antes que a verdadeira transformação pode ocorrer.